Between Words

Querido Destino,

as palavras ficaram tão gastas que mesmo que as quisesse proferir não sabia como fazê-lo, não sabia a forma ou, como na matemática, a resolução para a incógnita que se arrasta há já algum tempo. atrevo-me a dizer que talvez as tivesse inserido no baú onde tenho guardado cada sentimento que outrora me fez sorrir e viver o amanhã sem receios. o que é certo é que por te ter entregue a chave do mesmo, fez com que não o conseguisse abrir mais e por isso, as palavras nunca voltarão a surgir, pelo menos aquelas de outrora. julguei ser um livro acabado quando tentava proferir o que sentia ou me apontavam o dedo pelo facto de não conseguir escrever algo coerente. o importante é talvez tenha encontrado a chave para recuperar as palavras que ficaram guardadas no baú. não sou, nem serei, um livro acabado e se algum dia, alguém me voltar a apontar o dedo pedirei, com todas as certezas, para me dar tempo, porque um dia aquilo que outrora escrevi renascerá.