Das Crianças

quando se é criança, tudo se torna tão fácil, tão simples aos nossos olhos. o mundo é recheado de brincadeira, de novas amizades e de sorrisos. e para fazermos uma nova amizade, basta que o outro que esteja connosco possua uma única característica : ser criança, claro está. e aí começa uma amizade, onde reina a brincadeira, as correrias e quem sabe a troca de brinquedos. quando ainda somos crianças, tudo no outro é novo e, quando se trata de um amiguinho de longa data, repenicamos um beijinho na cara tão carinhoso e de boa vista aos olhares dos adultos mais curiosos. o mundo das crianças é tão puro que quando o outro nos faz qualquer partida, corremos para o pé da nossa mãe a fazer as ditas queixinhas que o Joãozinho nos fez isto e lá vem a nossa mãe ao pé do menino para que este nos peça desculpa e façamos as pazes. no momento a seguir, retoma a brincadeira como se nada tivesse passado. pergunto-me a razão pela qual de quando crescemos nos tornamos tão complicados, tão mesquinhos, tão senhores do nosso mundo, que nem conseguimos partilhar aquele brinquedo que em criança eramos capazes de fazer; a razão pela qual, nos dias mais tristes não sorrimos e culpamos o mundo exterior da nossa má disposição. não estará em nós o problema? porque deixamos de ter o olhar inocente de uma criança, a sinceridade e sobretudo a verdade. deixamos de sorrir quando fazemos um dói-dói, como dizíamos, porque os dói-dóis dos adultos não se curam com simples pensos rápidos e beijinhos como a nossa mãe nos fazia; é preciso conversar e depois fazer as pazes. é preciso deixar o orgulho e sermos mais altruístas. acredito que se todos mantivéssemos a nossa criança, o mundo seria bem melhor.