Não me Digas que me Amas

- Não me digas que me amas.

Profere ela no silêncio da noite e olha-o nos olhos julgando o homem da sua vida. Ele dá-lhe um abraço e atende-lhe ao pedido. Ri-se porque ela costuma ter estes momentos em que prefere deixar se levar pelo que nutrem, sentir por meio de gestos o que os seus corações afirmam no silêncio de uma noite de verão.

- Não me digas que me amas. Diz-me antes que ficas comigo até um dia.

Acrescenta ela. Ela não é de para sempres, afirma a pés juntos que tudo o que é para sempre tem um fim predestinado e prefere dizer até um dia ou por mais um dia, porque fica a esperança que o fim é quando o tempo os quiser separar, ou, simplesmente, quando as circunstâncias da vida assim o quiserem. Ele sorri uma vez mais com a certeza que o seu amor por ela será até um dia, até ao dia em que a vida os separar.

Falando dele, ele sempre foi de meias falas, meias palavras. Não é de se alongar numa conversa nem nunca teve grandes relacionamentos. O único que teve foi o que mais o marcou até ao aparecimento dela. Conheceram-se por acaso, numa noite de verão como amor à primeira vista e até então nunca mais se largaram. A amizade cresceu bem como o seu amor.

Ela sempre foi das tímidas, nunca se expressou muito em relação aos sentimentos e nunca teve alguém tão especial como ele na sua vida. Ama-o mesmo não o proferindo e ele ama-a sem necessitar de usar as palavras, que ficam tão gastas com o passar dos tempos. Prefere dar-lhe um enorme abraço e senti-la em si, como a união de dois corpos num só. A união do seu amor.

- Não me digas que me amas, permanece apenas na minha vida e serei feliz.

Afirma ele no silêncio de uma noite de verão, semelhante à primeira noite de verão em que travaram os primeiros olhares.